por REDAÇÃO AUTOESPORTE
O preço da gasolina está mais alto, mas isso não garante que a qualidade do combustível esteja melhor. Desde março deste ano, contratos da Agência Nacional de Petróleo (ANP) com universidades começaram a vencer e menos postos de combustíveis estão sendo monitorados. As instituições ajudavam na fiscalização da qualidade dos combustíveis vendidos nos postos, mas os contratos não foram renovados em 19 estados e no Distrito Federal. A parceria foi cancelada após o Governo Federal anunciar cortes nos gastos públicos. O resultado é menos fiscalização no combustível que você encontra.
Em fevereiro de 2015, 38.318 estabelecimentos foram fiscalizados, contra 18.783 em junho. O número representa queda de mais de 50%. Atualmente, existem mais de 40 mil postos no Brasil. Os dados são do “Boletim Mensal do Monitoramento da Qualidade dos Combustíveis Líquidos Automotivos”, da própria ANP.
Diferente do que revelam os documentos, porém, o coordenador geral da agência, Francisco Nelson, diz que a fiscalização não foi reduzida. Para ele, o rompimento dos contratos com as universidades não significa que os postos estão sendo menos monitorados e sim que há menos pesquisas sobre o assunto. “Nós estamos fiscalizando ainda mais”. Nelson afirmou que a parceria foi rompida porque ser cara e que a agência deve regularizar a situação “a curto prazo”.
Danos do combustível adulterado
O maior problema na falta de fiscalização dos postos é a insegurança na hora de confiar no combustível comprado. O analista de sistema André Frigola teve de trocar o conjunto de velas de seu Honda City com apenas três meses de uso. O primeiro sintoma sentido foi um “engasgar” do motor. Na oficina, ele descobriu que as velas do veículo haviam sido contaminadas com óxido de ferro, provavelmente por ter abastecido com combustível de má qualidade.
De acordo com Rubens Venosa, consultor técnico de Autoesporte, outras peças poderiam ter sido danificadas. No caso de veículos que não são flex, a gasolina adulterada com álcool pode levar a danos da bomba injetora, da bomba de gasolina, dos bicos injetores, das válvulas de escapamento e admissão. O uso frequente pode até danificar permanentemente o motor.
Em outros casos, a adulteração é feita com solventes, o que prejudica principalmente as borrachas do sistema do motor. “Elas não estão preparadas para isso: se deteriorariam, incham, quebram e geram vazamentos”, afirma Venosa. O perigo é que o resíduo da borracha pode travar um bico injetor e quebrar o motor. “Se isso acontecer, é necessário trocar o motor inteiro”.
O problema é que, nestes casos, fica difícil provar que o dano foi causada pelo uso frequente de um combustível adulterado. Para Venosa, escolher um posto de qualidade é fundamental. “É melhor não economizar muito na gasolina porque a conta no mecânico pode ficar mais cara depois”, sugere.
Fonte: Revista Autoesporte